arfar do hálito
um sussurro que nega
bocas de húmidas línguas, sedentas
lábios maduros e quentes
pela firmeza, a rendição.
puro suor cumpre o destino
ajustar das curvas dos corpos
enquanto se esmagam bocas…
roçar de pernas
derretem-se desejos em resistências de mel
carinhos líquidos no brilho molhado dos olhos
selar do mundo no sussurrar do nome…
todo o corpo é movimento.
Ganas e movimento…
mãos presas, mãos exploradoras
lábios disciplinadores do corpo
na escondida exposta
rubra amora que não aplaca
euforia no embainhar
o relâmpago
fragilidade de eléctrica convulsão
o desejo de bis!
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Pagão hálito que envenena
sublime maçã sazonada
a boca vai tecendo silêncio
os olhos envolvem a pele
perpendicular impetuosidade
as mãos segredam notas musicais
de bruma na espuma
que à pluma ruma
depenicos debicos de bicos a mordicar
os corpos sedentos envolvem-se
fundem-se
dissolvem-se
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
transpor o barranco e cicatrizar temporais
sem miopismos a empoeiradas mentes
o coração verte lágrimas de cristal
sob uma lua surreal
flutuam os lábios que lacram o beijo
famintos na quietude do desejo
pelos espinhos se teme a flor
eterno Inverno
nublado de erotismo
arrepios percorrem a carne
sublime clandestinidade da madrugada
ser delta e ser foz
incandescente beijo de vidro
inaugurando a tela
cansados braços, buscando na ausência
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
ser avestruz
há miopismos que se tentam transpor
e mentes emporiradas que circundam
há lágrimas de puro cristal
vertidas pela alma
o coração da lua
é barranco intemporal
faminto e surreal
flutuam quietudes
espinhos de desejos
famintos
na flor que teme abrolhos
há noites invejosas
que vão moendo, caladas
aguardar o tempo que brandamente macera
sensações de sentidos
sentidamente pressentidos e incoerentes
mas prescientes
braços cansados, caídos
buscando
tange o ser…
o ser avestruz
que não sabe, mas quer voar
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
na madrugada clandestina
é sublime ser montante e jusante
ser incandescente delta
e em beijos de vidro, ser a foz
inauguro a tela
percorro erotismos enublados
flutuam Invernos em lábios lacrimejantes
eternos que lacram Invernos
perfumes, tactos, músicas, cores, gostos
a ardente escala de faunos beijos
estendidos, flutuam os beijos
meramente na lira que tange, sensual
aromas subtis de louco sabor
que aspira alma de estranha melodia
no beijo disperso
controverso
inverso
perverso…
a luz da maçã no sabor do poente…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Não quero as nuvens negras
ameaçando tempestades!...
Eu quero ser o pássaro branco,
o pássaro leve que desliza
alegre na brisa que tamborila…
Quero acender uma estrela num chão de palavras…
Quero o som da chuva
imortalizado na delonga de um verso…
Eu quero o mar distraído,
e o odor do tempo suave,
e os restos de Atlântico nos olhos…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Abandonai a noite medonha e feia
estimada como preciosidade!
Que não medrem mais as faíscas gélidas
que aplaquem o desespero das almas famintas de luz
que cesse, na alma, a chuva estupidamente persistente
parecendo não abandonar o céu!
Deixai a pomba branca
partir rumo ao pôr-do-sol
onde um brilho de alegria, bailarino perfeito,
começa a florir
nos conquista e encanta
e proporciona um espantoso cenário…
Olhai a vida
como um navio de luz resplandecente
a rasgar as águas deste rio doirado…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Trajada de infinito
na una demência insana
encontra-se a lucidez
algures
numa esquina da mente
uivando sua dor sôfrega
entre cardadores de erectos abrolhos…
É urgente travar a evolução!
O alheamento disfarçado em cada ser,
numa ostentação faustosa de ventura
encobrindo cada ermo descampado
impúdico e perverso
na avidez de uma evolução
que se pretende interdita
o exílio da alma ante o corpo
contraiu matrimónio
com a ternura deprimente do progresso.
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Há um vulto iluminado pela lua
nesta noite esquálida de perfume
noite em que ao calor de uma carícia
se opõe uma brisa eivada
por odores pincelados de lírios
e discretas açucenas.
noite pura, cálida e fria
em que baila a geada em noite de julho
em que o trigo saltita e a cevada se agita
na brisa perfumada de uma espiga meneante…
Solitária miro a cigarra
cantando perfumes de verão
numa quente noite de estio perfumada
em que neva em meu coração…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Serei talvez
um auspicioso trovador
num moderno caminho destruidor…
A noite será chocolate
para uns ouvidos áridos de mel
ante a luz suave do entardecer
e o crepitar de cinzas numa fogueira feita borralha…
À luz paciente da lua
aromatizada pelos gritos das flores
nascem pensamentos ridículos,
sorrisos que rapidamente morrem nos lábios,
à suave luz do entardecer
petrifica-se um amor de uma felicidade contrariada.
O dia engole a noite e a noite devora o dia…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Deambulo errante numa estrada
que ruma a uma terra estéril
a um negro fundo de um precipício.
Entre o poço do passado e o abismo do futuro
há um firmamento estrelado de uma forma extravagante
engodado de uma perfeição estupidamente brilhante.
Em mim há um rebelde demónio
que me segreda sobre a falsa ciência do amor
que me murmura sobre esse sentimento obsoleto.
É fácil falar da dor
nesta existência sonambúlica.
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Nadar bem…
procurar águas límpidas e cândidas…
Procurar
a difusão do brilho cristalino de um raio de sol
que se espraia pelas águas ondulantes…
Ter o discernimento suficiente
para não se deixar iludir por cores brilhantes…
Ser suficientemente inteligente
para se adaptar a alternâncias de correntes…
a variadas temperaturas da água…
Nadar,
nadar livremente…
Nadar livremente entre algas e corais
e ter tempo para apreciar a sua beleza…
Aproveitar a paz luminosa no mistério da vida…
Usufruir toda essa alegria
que só pode ser apagada pela confidência da morte…
…
Foi esta a história
que um peixinho me contou
quando eu era criança…
Edite Gil
(Registado no IGAC)
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